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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Isaac Asimov, por Isaac Asimov...


Isaac Asimov, por Isaac Asimov

Muito embora eu já tenha escrito mais de cento e vinte livros, sobre qualquer assunto, desde astronomia até Shakespeare, e de matemática até sátira, é provavelmente como escritor de ficção científica que sou melhor conhecido.

Comecei como escritor de ficção científica, e durante os primeiros onze anos de minha carreira literária escrevi apenas e tão-somente histórias de ficção científica, apenas para publicação em revistas e por um paga­mento escasso. A idéia de efetivamente publicar bons livros nunca passou por minha mente, em essência humilde.

Mas veio o tempo em que comecei a produzir livros, e então comecei a reunir o material que de início escrevi para revistas. Entre 1950 e 1969, dez coletâneas apareceram (todas publicadas pela Doubleday). Estas continham oitenta e cinco histórias (mais quatro peças de versos cômicos) originalmente destinados, e publicados, em revistas de ficção científica. Quase um quarto delas veio dos primeiros onze anos.

Para registro, estes livros são:

Eu, Robô
1950
I, Robot
Fundação 
1951
Foundation
Fundação e Império
1952
Foundation And Empire
Segunda Fundação
1953
Second Foundation
Nós, os Marcianos
1955
The Martian Way, And Other Stories
A Terra é Espaço o Bastante
1957
Earth Is Room Enough
Nove Amanhãs
1959
Nine Tomorrows
O Resto Dos Robôs
1964
The Rest Of The Robots
Os Mistérios De Asimov
1968
Asimov’s Mysteries
O Cair Da Noite
1969
Nightfall And Other Stories
                                                              

Pode-se argumentar que isto tenha sido bastante, mas com esta argumentação, omite-se o delirante apetite de meus leitores (abençoados sejam!). Estou constantemente recebendo cartas pedindo listas de histórias antigas, minhas, para que os missivistas possam revirar lojas de livros usa­dos procurando revistas antigas. Há pessoas que preparam bibliografias de minha ficção científica (não perguntem a mim por que) e que querem saber todo o tipo de pormenores insignificantes a meu respeito. Até mesmo ficam irritados quando descobrem que algumas das primeiras histórias nunca foram vendidas. Querem essas, também, aparentemente, e parecem pensar que eu negligentemente destruí uma fonte natural.
Assim, quando a Panther Books, da Inglaterra, e a Doubleday, sugeriram que eu fizesse uma coleta daquelas minhas primeiras histórias ainda não coligidas nos dez livros arrolados acima, não mais pude resistir. Todos que me encontraram sabem como sou sensível a elogios, e se você pensa que posso suportar este tipo de adulação por mais de meio segundo (numa estimativa grosseira), está totalmente errado.
Afortunadamente, tenho um diário, que tenho mantido desde 1º de janeiro de 1938 (o dia anterior a meu décimo oitavo aniversário); e que pode me dar datas e pormenores[1][1].
 Comecei a escrever quando era muito jovem — onze, creio. As razões são obscuras. Poderia dizer que foi o resultado de um impulso irracional, mas isto indicaria que apenas não poderia pensar em nenhuma razão.
 Talvez foi porque eu era um leitor ávido numa família que era pobre demais para comprar livros, mesmo os mais baratos, além do que, uma família que considerava livros baratos, leitura inadequada. Eu precisava ir à biblioteca (meu primeiro cartão de biblioteca foi tirado para mim por meu pai, quando eu tinha seis anos de idade) e me permitia dois livros por semana.
 Isto simplesmente não era suficiente, e minhas necessidades levaram-me a extremos. No começo de cada período letivo, avidamente lia todo livro escolar que era adotado, indo de capa a capa, como uma deflagração personificada. Como fui abençoado com uma memória tenaz e lembrança instantânea, era todo o estudo que eu tinha de fazer para aquele período letivo, mas eu já tinha acabado antes do fim da semana, e então, ler o quê?
 Então, quando eu tinha onze anos, ocorreu-me que se eu escrevesse meus próprios livros, poderia relê-los a meu bel-prazer. Nunca realmente escrevi um livro inteiro, claro. Eu começava um e continuava mexendo com ele até que me cansava e começava outro. Todos estes escritos iniciais foram-se para sempre, embora ainda me lembre de alguns pormenores bem claramente.
Na primavera de 1934, fiz um curso especial de inglês dado na minha escola (“Boys’ High School, no Brooklyn, Nova Iorque), que enfatizava o aspecto da redação. O professor era também conselheiro da faculdade para a revista literária semestral feita pelos estudantes, e era intenção dele coletar material. Fiz aquele curso.
 Foi uma experiência humilhante. Tinha catorze anos na época, catorze anos bastante imaturos e inocentes. Escrevia trivialidades, enquanto que todo mundo na classe (que eram dezesseis ao todo) escreviam peças sofisticadas, de tom trágico. Todos eles não faziam segredo de seu particular desprezo por mim, e não obstante eu me ressentisse disto amargamente, não havia nada que eu pudesse fazer.
Por um momento, pensei que os vencera, quando uma de; minhas produções foi aceita para a revista semestral, ao passo que muitas das deles foram rejeitadas. Infelizmente, o professor contou-me, com uma rude insensibilidade, que a minha era a única apresentada que era humorística, e como ele precisava ter uma peça não-trágica, foi forçado a tomá-la.
Era chamada “Irmãozinhos” (“Little Brothers”), tratando do nascimento de meu próprio irmão mais novo, havia cinco anos, e foi minha primeira peça publicada. Suponho que pode ser localizada nos arquivos da “Boys’ High”, mas eu não a tenho.
Por vezes imagino o que aconteceu com todos aqueles grandes escritores trágicos da classe. Não me lembro de um só nome e não tenho intenção de jamais tentar descobri-los — mas por vezes, fico pensando.
Apenas em 29 de maio de 1937 (de acordo com uma data que, uma vez anotei — se bem que foi antes que começasse meu diário, de modo que não tenho certeza), que a vaga idéia ocorreu-me de escrever algo para publicação profissional; algo pelo que seria pago! Naturalmente, teria que ser uma história de ficção científica, pois eu tinha sido um fanático da ficção científica desde 1929, e não reconhecia nenhuma outra forma de literatura que de qualquer modo fosse digna de meus esforços.
A história que comecei a compor para este fim, a primeira história que jamais escrevera com o fito de me tornar um “escritor”, era intitulada “Saca-rolha Cósmico” (“Cosmic Corkscrew”).
Nela, eu via o tempo como uma hélice (isto é, algo como uma mola de cama). Poder-se-ia cortá-la de uma volta diretamente para a próxima, assim movendo-se para o futuro por um exato intervalo, mas sendo incapaz de viajar um dia a menos no futuro. Meu protagonista cortou o tempo e descobriu a Terra deserta. Toda a vida animal havia desaparecido; se bem que havia sinais de que a vida existira até muito tempo antes — e nenhuma indicação do que havia causado o desaparecimento. Era narrada na primeira pessoa, num asilo de loucos, porque o narrador, claro, fora colocado num hospício depois de voltar e tentar contar a história.
Escrevi apenas algumas páginas em 1937, então perdi o interesse, O mero fato de que tinha a publicação em mente, me paralisava. Enquanto algo que eu escrevia destinava-se apenas para meus ‘olhos, podia ficar despreocupado. O pensamento de outros possíveis leitores pesava grandemente sobre cada uma de minhas palavras. — Então abandonei o projeto.
Então, em maio de 1938, a mais importante revista no campo, Astounding  Science Fiction, mudou seu prazo de publicação da terceira quarta-feira do mês para a quarta sexta-feira. Quando o número de junho não veio no seu dia de costume, fiquei deprimido.
A 17 de maio, não pude mais suportar, e tomei o metrô até o nº 79 da Sétima Avenida, onde a editora, Street & Smith Publications, inc, estava então localizada.[2][2] Ali, um funcionário da firma informou-me da mudança de prazos, e a 19 de maio, chegou o número de junho.
A proximidade do desespero, e o alívio extático que se seguiu, reativaram meu desejo de escrever para publicação. Voltei a “Saca-rolha Cósmico”, e a 19 de junho, estava acabado.
A questão seguinte era: o que fazer com ele. Não tinha a menor idéia do que se fazia com um manuscrito que se desejava publicar, e tampouco quem eu conhecia. Discuti o assunto com meu pai, cujo conhecimento do mundo real era pouco maior do que o meu, e ele também não fazia idéia.
Mas então ocorreu-me que, no mês anterior, eu tinha ido até o nº 79 da Sétima Avenida meramente para perguntar sobre a não-aparição de Astounding. [3][3]Não havia me dado conta de ter feito isso. Por que não repetir a viagem, então, e levar o manuscrito em pessoa?
A idéia era assustadora. Tornou-se ainda mais assustadora, quando meu pai sugeriu que preliminares necessárias incluíam a barba feita e minha melhor roupa. Isto significava que eu teria que gastar um tempo adicional, e o dia já estava acabando e eu teria que estar de volta para fazer a entrega dos jornais vespertinos. (Meu pai tinha uma doceira e uma banca de jornais, e a vida era muito complicada naqueles dias para um escritor criativo e de inclinação artística e sensível como eu. Por exemplo, vivíamos num apartamento em que todos os quartos estavam alinhados, e o único modo de ir da sala de estar para o quarto de meus pais, ou de minha irmã, ou de meu irmão, era passando por meu quarto. Meu quarto era freqüentemente passagem, e o fato de que eu poderia estar nas dores da criação, nada significava para ninguém.)
Cheguei a um meio-termo. Fiz a barba, mas não me incomodei em trocar de roupa, e lá fui eu. A data era 21 de junho, 1938.
Eu estava convencido de que, por ousar pedir para ver o editor de Astounding Science Fiction, eu seria atirado fora do edifício, e meu manuscrito seria picotado e jogado atrás de mim, como confete. Meu pai, porém (que tinha ideais nobres) estava convencido de que um escritor — com o que ele significava qualquer um com um manuscrito — seria tratado com o respeito devido a um intelectual. Não tinha receios nenhum — mas era eu que ia entrar naquele edifício.
Tentando mascarar o pânico, pedi para ver o editor. A garota atrás da mesa (posso ver a cena agora com o olho de minha mente exatamente como ocorreu) falou brevemente ao telefone e disse: — “O sr. Campbell poderá vê-lo”.
Conduziu-me por uma sala grande, pomposa, cheia de grandes rolos de papel e enormes pilhas de revistas e permeada com o cheiro celestial de papel (cheiro que até hoje recorda minha juventude com dolorosa minúcia e reduzem-me a lágrimas de nostalgia). E ali, numa pequena sala do outro lado, estava o sr. Campbell.
John Wood Campbell Jr. estava trabalhando para Street &Smith já há um ano, e tomara o comando de Astounding Stories (que logo rebatizou como Astounding Science Fiction), havia quase dois meses. Tinha então apenas vinte e oito anos. Sob seu próprio nome e seu pseudônimo, Don A. Stuart, era um dos mais famosos e altamente considerados autores de ficção científica, mas estava para enterrar sua reputação para sempre sob o renome muito maior que estava para ganhar como editor.
Deveria permanecer como editor de Astounding Science Fiction e de seu sucessor — “Analog Science Fact—Science Fiction  por um terço de século. Durante todo esse tempo, ele e eu permanecemos amigos, mas por mais velho que eu ficasse, e por mais venerável e respeitável astro de nosso campo mútuo eu me tornasse, nunca me aproximei dele com nada senão o respeito que ele me inspirou na ocasião de nosso primeiro encontro.
Ele era um homem grande, e obstinado, que fumava e falava constantemente, e que apreciava, acima de tudo, a criação de idéias ultrajantes, com que agredia seu interlocutor, e desafiava-o a refutar. Era difícil refutar Campbell, mesmo quando suas idéias eram absoluta e loucamente ilógicas.
Conversamos por mais de uma hora, naquela primeira vez. Ele mostrou-me os próximos números da revista (números verdadeiramente futuros, já produzidos). Vi que ele publicara uma de minhas cartas no número seguinte, e outra no próximo — de modo que conhecia a genuinidade de meu interesse.
Contou-me a respeito dele mesmo, sobre seu pseudônimo e sobre as suas opiniões. Contou-me que seu pai havia enviado um de seus manuscritos para Amazing Stories quando tinha dezessete anos, e que deveria ser publicado, mas a revista o perdeu, e ele não tinha cópia em carbono. (Neste ponto, fiz melhor do que ele. Trouxe a história eu mesmo, e tinha um carbono.) Também prometeu ler minha estória naquela noite, e enviaria uma carta, quer aceitando ou rejeitando, no dia seguinte. Prometeu também que em caso de rejeição, diria o que estava errado, de modo que eu pudesse me aperfeiçoar.
Cumpriu todas as promessas. Dois dias mais tarde, a 23 de junho, tive notícias dele. Era uma rejeição. (Como este livro trata de eventos reais, e não é uma fantasia — você não deve se surpreender se minha primeira história foi instantaneamente rejeitada.)
Eis o que eu disse no meu diário sobre a rejeição:
“As 9:30 recebi de volta o “Saca-rolha Cósmico”, com uma educada carta de rejeição. Ele não gostou do começo lento, e do suicídio no final.”
Campbell também não gostara da narrativa na primeira pessoa e do diálogo rígido, e também apontou que a extensão (nove mil palavras) era inconveniente — muito longo para um conto, e muito curto para uma no­vela. As revistas precisam ser montadas como quebra-cabeças, e certos comprimentos de contos eram mais convenientes que outros.
Por aquela época, porém, estava em plena euforia. A alegria de ter passado mais de uma hora com John Campbell, a emoção de conversar face a face em termos iguais com um ídolo, já tinha me enchido com a ambição de escrever outra história de ficção científica, melhor que a primeira, de modo que pudesse consultá-lo de novo. A agradável carta de rejeição —duas páginas inteiras — em que discutia minha história seriamente e sem traços de paternalismo ou desprezo, reforçou minha alegria. Antes de 23 de junho terminar, estava a meio caminho do primeiro esboço de outra história.
Muitos anos mais tarde, perguntei a Campbell (com quem, então, tinha travado grande amizade) por que ele havia se ocupado de mim, já que aquela primeira história era literalmente intragável.
“Realmente era”, disse, francamente, pois nunca adulava. “Por outro lado, eu vi algo em você. Você estava ansioso e escutava, e sabia que não desistiria, não importando quantas rejeições eu lhe desse. Enquanto você estivesse desejoso de trabalhar duro e aperfeiçoar-se, eu estava pronto a trabalhar com você.”
E assim era John. Eu não era o único escritor, calouro ou veterano, com quem ele trabalhava deste modo. Pacientemente, e com sua enorme vitalidade e talento, construiu um corpo dos melhores escritores de ficção científica que o mundo tinha, até então, jamais visto.
O que aconteceu a “Saca-rolha Cósmico” depois disto, sinceramente, não me lembro. Abandonei-a e nunca a apresentei em nenhum outro lugar. De fato, não a rasguei e joguei fora; simplesmente repousou em alguma gaveta de escrivaninha, até que, eventualmente, a perdi de vista. Em qual­quer caso, não mais existe.
Esta parece ser uma das principais fontes de desconforto entre os arquivistas — parecem pensar que a primeira história que escrevi para publicar, por pior que fosse, seria um importante documento. Tudo o que posso dizer, amigos, é que sinto muito, mas não havia modo de saber, em 1938, que minha primeira tentativa pudesse ter interesse histórico ai m dia. Posso ser um monstro de vaidade e arrogância, mas não sou tão monstruosamente vaidoso e arrogante. 
Além do que, antes de terminar o mês, eu terminava minha segunda história, “Clandestino” (“Stowaway”), e estava concentrado nela. Levei-a ao escritório de Campbell a 18 de.julho de 1938, e ele apenas demorou-se um pouquinho mais para devolvê-la, mas a rejeição veio a 22 de julho. Disse em meu diário, quanto à carta que a acompanhava:
“... foi a rejeição mais simpática que se possa imaginar. Realmente, a melhor coisa depois de ser aceita. Disse-me que a idéia era boa, e o enredo, passável. O diálogo e a movimentação, continuava, não eram rígidos e lentos (o que foi uma agradável surpresa para mim) e que não havia nenhum erro em particular, mas apenas um ar geral de amadorismo, constrangimento forçado. A história não se desenvolvia suavemente. Isto, ele disse, eu superaria assim que tivesse experiência suficiente. Assegurou-me que eu provavelmente estaria apto a vender minhas histórias, mas isto significava talvez trabalho de um ano e uma dúzia de histórias antes de começar realmente...”
Não é de surpreender que tal “carta de rejeição” mantivesse-me carregado com um enorme entusiasmo para escrever, e logo pus-me a trabalhar numa terceira história.
Além disso, eu estava suficientemente encorajado a tentar submeter “Clandestino” a alguém mais. Naqueles dias, havia três revistas de ficção científica nas bancas. Astounding era a aristocrata delas, mensal, com os cantos encurvados, e uma aparência de classe. As outras duas, Amazing Stories e Thrilling Wonder Stories eram um tanto mais primitivas na aparência e publicava histórias com mais ação e enredos menos sofisticados. Enviei “Clandestino” a Thrilling Wonder Stories, que, porém, rejeitou-a prontamente a 9 de agosto de 1938 (com uma carta impressa).
A estas alturas, porém, eu estava profundamente engajado com minha terceira história, a qual, como veio a ser, estava fadada a se sair melhor— e mais depressa. Neste livro, no entanto, estou incluindo minhas histórias não na ordem de publicação, mas na de redação — que, presumo, é mais significativo do ponto de vista do desenvolvimento literário. Tratarei, portanto, de “Clandestino”.
No verão de 1939, no tempo em que obtive meus primeiros poucos sucessos, retomei a “Clandestino”, remodelei-o, e tentei Thrihing Wonder Stories de novo. Indubitavelmente, eu tinha uma leve suspeita de que o novo lustro de meu nome faria com que lessem-no com uma atitude diferente do que havia sido o caso quando eu era completamente desconhecido. Estava completamente errado. Fui rejeitado de novo.
Então tentei Amazing, e, de novo, foi rejeitada.
Isto significaVa que a história tinha morrido, ou teria significado, se não fosse o fato de que a ficção científica estava entrando numa pequena expansão, ao aproximar-se o fim da década de 30. Novas revistas estavam sendo fundadas, e pelo fim de 1939, planos foram feitos para publicar uma revista a ser chamada Astonishing Stories que era vendida a dez centavos (Ãstounding custava vinte centavos o exemplar).
A nova revista, juntamente com uma revista-irmã, Super Science Stories, seria editada com grandes dificuldades por um jovem fã da ficção científica, Frederik Pohl, que estava completando vinte anos (era um mês mais velho do que eu) e que, desta forma, fazia sua entrada no que viria a ser uma marcante carreira profissional na ficção científica.
Pohl era um rapaz magro, de voz suave, com o cabelo já escasseando, um rosto solene, e seus dentes se projetavam ao sorrir, dando-lhe um aspecto de coelho. Os fatos econômicos de sua vida mantinham-no afastado da escola, mas ele era muito mais brilhante (e sabia disso) do que qualquer graduado que já encontrei.
Pohl era amigo meu (e ainda é) e talvez tenha feito mais para me ajudar a começar a minha carreira literária do que ninguém exceto, claro, o próprio Campbell. íamos juntos às reuniões do fã-clube. Ele tinha lido meus manuscritos e gostara deles - e agora precisava de histórias depressa - e a preço baixo para suas novas revistas.
Pediu para ver meus manuscritos de novo. Começou escolhendo uma de minhas histórias para seu primeiro número. A 17 de novembro de 1939, quase um ano e meio depois de “Clandestino” ter sido escrito, Pohl selecionou-a para inclui-lo em seu segundo número de Astonishing. Era um inveterado trocador de títulos, porém, e colocou “A Ameaça de Calisto” na história, e foi assim que foi publicada.



[1][1] O diário começou com o tipo de coisa que um adolescente escreveria, mas logo degenerou num tom simples de registro literário. E, para qualquer um que não eu, literalmente entediante tanto, de fato, que deixo-o para quem quer que o queira ler. Ninguém nunca lê mais do que duas paginas. Ocasionalmente alguém me pergunta se nunca senti que meu diário deveria registrar meus sentimentos mais íntimos, e emoções, e minha resposta é sempre “Não, nunca!” Afinar, para que ser um escritor se vou desperdiçar meus sentimentos e emoções mais íntimos num mero diário

[2][2] Contei esta história com com alguma minúcia num artigo intitulado “Retrato do Escritor enquanto Rapaz”, incluído no Capítulo 17 de meu livro de ensaios, "Ciencia, Números e EU". Nele, confiando apenas na memória, disse que tinha chamado Street & Smith ao telefone. Quando consultei meu diário para verificar as datas reais para este livro, fiquei surpreso ao descobrir que realmente havia feito a viagem de metrô — realmente uma aventura ousada para mim naqueles dias, e uma medida de meu desespero.


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